O período posterior à Primeira Guerra Mundial colocou o projecto liberal entre o movimento socialista e comunista, por um lado, e a ascensão do nazi-fascismo e de outros regimes autoritários, por outro lado.
Neste contexto, o liberalismo continuou a defender sem reservas a propriedade privada, que se transformava cada vez mais num privilégio de grandes capitalistas e banqueiros os quais não hesitaram, tanto em Itália como na Alemanha, em financiar os partidos de extrema-direita perante o avanço dos partidos socialistas e comunistas. Incapaz de interpretar (esta) nova fase e não tendo conseguido dar resposta à crise de 1929/33, o liberalismo foi claramente ultrapassado.
O liberalismo tardou em reconhecer, ou não reconheceu de facto, a incompatibilidade entre capitalismo e democracia nos momentos de grave crise económica, social e política.
Excerto de História Crítica do Pensamento Político – vol.II, pg. 174 / Ed.70
22.12.23
7.12.23
Liberalismo em crise
As análises sociológicas de Karl Marx, que denunciavam a natureza especuladora e
opressora do capitalismo, há muito que deixaram de poderem ser polemizadas em qualquer
sector da sociedade - são uma evidência, tal como o antagonismo de classes sociais,
o conflito insanável entre os possidentes do poder económico e os seus dependentes.
Uma evidência indisfarçável devido às dimensões escandalosas que atingem, mas também devido à visibilidade que lhes dão os orgãos de informação pública e as redes sociais. A estratégia dos privilegiados já não é esconder, mas inventar explicações bondosas para o fenómeno - a necessidade de refrear a justiça social, a favor do "desenvolvimento económico" de que resultariam benefícios... futuros para todos!!!
Assim, os estados liberais caminham actualmente para o abismo e não conseguem parar a revolta das populações, seja por meios violentos, seja por meios pacíficos. É assim que, na via legal de expressão deste descontentamento, os "partidos moderados" vão cedendo terreno aos "partidos radicais" como se pode aferir nos resultados eleitorais e na consequente instabilidade dos governos.
Uma evidência indisfarçável devido às dimensões escandalosas que atingem, mas também devido à visibilidade que lhes dão os orgãos de informação pública e as redes sociais. A estratégia dos privilegiados já não é esconder, mas inventar explicações bondosas para o fenómeno - a necessidade de refrear a justiça social, a favor do "desenvolvimento económico" de que resultariam benefícios... futuros para todos!!!
Assim, os estados liberais caminham actualmente para o abismo e não conseguem parar a revolta das populações, seja por meios violentos, seja por meios pacíficos. É assim que, na via legal de expressão deste descontentamento, os "partidos moderados" vão cedendo terreno aos "partidos radicais" como se pode aferir nos resultados eleitorais e na consequente instabilidade dos governos.
13.11.23
13.8.23
Porque hoje é domingo (136)
No lema que definiu para as JMJ em 2023, o Papa escolheu de Lucas 1 o versículo 39: “E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada”.
Que pena não ter escolhido o versículo 52: Deus “depôs dos tronos os poderosos e elevou os humildes”. Se mais não fosse, seria uma ideia mais compreensível. E franciscana.
Quanto ao milagre a que se refere este episódio, é “estranho” que oculte o facto de sua prima Isabel, aquela que Maria foi visitar apressadamente, também fosse objecto de igual milagre do nascimento de um filho “não concebido” por homem.
Diga-se de passagem que o principal suspeito, em ambos os casos!, é um tal Gabriel. Coincidências!
Quanto ao milagre a que se refere este episódio, é “estranho” que oculte o facto de sua prima Isabel, aquela que Maria foi visitar apressadamente, também fosse objecto de igual milagre do nascimento de um filho “não concebido” por homem.
Diga-se de passagem que o principal suspeito, em ambos os casos!, é um tal Gabriel. Coincidências!
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4.8.23
A histeria das massas e dos mass-media
(Imagem do site oficial JMJ Lisboa 2023 / Franciscanos)
Vem de longe a consciência de que a colectividade é uma realidade distinta dos indivíduos e da sua mera soma.
Freud assinala, na psicologia de massas, duas características típicas: o sentimento de desresponsabilização individual – se tantos fazem, eu também posso ou devo fazer– e o seguidismo – a obediência a um líder cujo carisma legitima o comportamento colectivo. A irracionalidade do populismo ou da crença religiosa, por exemplo, encontram neste mecanismo psicológico uma grande parte da sua explicação. A demagogia é o seu instrumento promocional – digo eu.
Ortega y Gasset fala da divisão entre duas classes de criaturas: as que exigem muito de si e acumulam sobre si mesmos dificuldades e deveres, e as que não exigem de si nada de especial, pois para elas viver é ser em cada instante o que já são, sem esforço de aperfeiçoamento em si mesmas, bóias que andam à deriva.
De outro ponto de vista, talvez haja uma consciência mais profunda do que pode parecer: a consciência de que “o caminho é melhor do que o destino”, como dizia Cervantes. E, sendo assim, o objectivo anunciado assume uma importância secundária ou é apenas um pretexto para a caminhada. O que é mais exaltante na descoberta da América, é a América ou é a viagem de Colombo?
No contexto da vinda do Papa a Portugal por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, penso que os “peregrinos” estão pouco interessados no Papa e menos ainda em Jesus Cristo do que na peregrinação em si mesma com tudo o que oferece de diversão e convívio. E a própria motivação da Igreja é menos a evangelização do que o recrutamento de aderentes, numa fase da História em que a evolução cultural e informativa das pessoas deixa cada vez menos espaço à irracionalidade e à ignorância, logo, à mensagem religiosa. Resta a seu favor a vantagem de oferecer o conforto psicológico da alienação, a que outros chamaram “o ópio do povo”. O que, no entanto, não é pouco.
Vem de longe a consciência de que a colectividade é uma realidade distinta dos indivíduos e da sua mera soma.
Freud assinala, na psicologia de massas, duas características típicas: o sentimento de desresponsabilização individual – se tantos fazem, eu também posso ou devo fazer– e o seguidismo – a obediência a um líder cujo carisma legitima o comportamento colectivo. A irracionalidade do populismo ou da crença religiosa, por exemplo, encontram neste mecanismo psicológico uma grande parte da sua explicação. A demagogia é o seu instrumento promocional – digo eu.
Ortega y Gasset fala da divisão entre duas classes de criaturas: as que exigem muito de si e acumulam sobre si mesmos dificuldades e deveres, e as que não exigem de si nada de especial, pois para elas viver é ser em cada instante o que já são, sem esforço de aperfeiçoamento em si mesmas, bóias que andam à deriva.
De outro ponto de vista, talvez haja uma consciência mais profunda do que pode parecer: a consciência de que “o caminho é melhor do que o destino”, como dizia Cervantes. E, sendo assim, o objectivo anunciado assume uma importância secundária ou é apenas um pretexto para a caminhada. O que é mais exaltante na descoberta da América, é a América ou é a viagem de Colombo?
No contexto da vinda do Papa a Portugal por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, penso que os “peregrinos” estão pouco interessados no Papa e menos ainda em Jesus Cristo do que na peregrinação em si mesma com tudo o que oferece de diversão e convívio. E a própria motivação da Igreja é menos a evangelização do que o recrutamento de aderentes, numa fase da História em que a evolução cultural e informativa das pessoas deixa cada vez menos espaço à irracionalidade e à ignorância, logo, à mensagem religiosa. Resta a seu favor a vantagem de oferecer o conforto psicológico da alienação, a que outros chamaram “o ópio do povo”. O que, no entanto, não é pouco.
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14.7.23
Ver o Papa
"Para ver o Papa" - como dizem - haverá quem pague mil euros de estadia. Por muito menos eu vi o Papa e nem foi com essa intenção que fui a Roma. Eu não daria metade, nem q fosse para ver Sophia Loren ou Gina Lollobrigida, à janela, nos seus anos mais papáveis.
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2.7.23
Mensagem ao mar
O tempo toma conta das paredes
Empalidecendo as imagens inventadas;
Muros de medo suspendem no além,
As investidas outrora desejadas,
E o furor das águas, no seu vai-não-vem,
Tinge de branco as rosas desmaiadas
Que algum dia foram lábios de alguém.
Resta a memória viva dos instantes
Em que nos prometemos futuros amantes
Empalidecendo as imagens inventadas;
Muros de medo suspendem no além,
As investidas outrora desejadas,
E o furor das águas, no seu vai-não-vem,
Tinge de branco as rosas desmaiadas
Que algum dia foram lábios de alguém.
Resta a memória viva dos instantes
Em que nos prometemos futuros amantes
22.6.23
Tudo sobre o imersível Titán
https://www.newtral.es/titan-fallos-posibles-submarino...
Em: Newtral.es - "Te lo explicamos" por Mario Viciosa - 21 junio 2023
Em: Newtral.es - "Te lo explicamos" por Mario Viciosa - 21 junio 2023
21.6.23
Refugiados e imigrantes
Que contraste com os meios disponibilizados para resgatar os embarcados no "submarino" que submergiu esta semana junto ao malogrado Titanic.
Em política, os meios são filhos das vontades.
10.6.23
Pintando o sonho
Perdem-se nas grutas da memória
as vezes que beijei essas paredes
onde pintei teus lábios, olhos, rosto,
com imaginação de muitas cores;
onde pintei, discretas, duas flores
emergindo por entre os teus cabelos
- descendo, eles, dos ombros para o peito,
que se descuida, se oferece e se desnuda.
Bocas de fogo trazem no seu seio,
húmidos ventos, contidos desejos,
ao encontro dos meus lábios flamejantes
que acenderão uma fogueira de beijos.
as vezes que beijei essas paredes
onde pintei teus lábios, olhos, rosto,
com imaginação de muitas cores;
onde pintei, discretas, duas flores
emergindo por entre os teus cabelos
- descendo, eles, dos ombros para o peito,
que se descuida, se oferece e se desnuda.
Bocas de fogo trazem no seu seio,
húmidos ventos, contidos desejos,
ao encontro dos meus lábios flamejantes
que acenderão uma fogueira de beijos.
30.5.23
Espanha eleições 2023
Este registo serve apenas para memória futura do autor.
As eleições regionais e autárquicas de 28/5, em Espanha, ficaram marcadas por uma vitória clara do PP, uma consolidação do Vox que o coloca como provável parceiro de coligação daquele em muitas localidades, e por derrotas, de graus diferentes, de vários dos projetos políticos de esquerda, que levaram o primeiro-ministro Pedro Sánchez a antecipar as eleições legislativas para 23 de julho.
Assinala-se que o descalabro da esquerda teve excepções. P.e., na Galiza o BNG e no País Basco o EH Bildu.
As eleições regionais e autárquicas de 28/5, em Espanha, ficaram marcadas por uma vitória clara do PP, uma consolidação do Vox que o coloca como provável parceiro de coligação daquele em muitas localidades, e por derrotas, de graus diferentes, de vários dos projetos políticos de esquerda, que levaram o primeiro-ministro Pedro Sánchez a antecipar as eleições legislativas para 23 de julho.
Assinala-se que o descalabro da esquerda teve excepções. P.e., na Galiza o BNG e no País Basco o EH Bildu.
26.5.23
25.5.23
Uma sessão do parlamento
Depois de organizados na mesa da presidência os dossiers e os copos de água a contento do senhor presidente e dos secretários, foi declarada aberta a sessão. Passavam já largos minutos da hora marcada, mas ninguém estranhou - eram todos portugueses, estavam habituados.
O presidente teve ainda a prerrogativa de anunciar a ordem dos trabalhos, mas logo um deputado da oposição pediu a palavra. "Para que efeito?" - perguntou o presidente. "É para apresentar um ponto de ordem à mesa, sr. presidente". Surpreendido, o presidente ripostou: "Mas os trabalhos ainda não começaram sequer...". "Por isso mesmo, senhor presidente. A minha intervenção é exactamente para que se verifique se existe quorum. Eu sei que é uma mera formalidade, mas as formalidades são essenciais para o bom decurso dos trabalhos".
O olhar do presidente percorreu com grande cuidado a sala, fila por fila, cadeira por cadeira, cara por cara, e, tendo verificado que a sala estava completamente preenchida, ainda assim teve o cuidado de perguntar: "falta alguém?". Se faltava alguém, não respondeu, pelo que se daria início aos trabalhos, sem mais delongas. Mas a bancada da maioria não pôde conter a sua indignação com o insólito episódio e, para além do burburinho a que se dedicou durante o mesmo, fez questão de requerer também ela um ponto de ordem à mesa: que a intenção com que o deputado anterior requereu o seu protesto não foi mais do que um pretexto para atrazar os trabalhos, devido ao incómodo que a discussão agendada trazia à bancada da oposição. Nisto, entre uma intervenção e outra que colocaram pontos de ordem à mesa, não só a ordem foi quebrada como os trabalhos demoraram mais do que aconteceria se não fossem as reclamações... contra a demora no início dos trabalhos.
O presidente teve ainda a prerrogativa de anunciar a ordem dos trabalhos, mas logo um deputado da oposição pediu a palavra. "Para que efeito?" - perguntou o presidente. "É para apresentar um ponto de ordem à mesa, sr. presidente". Surpreendido, o presidente ripostou: "Mas os trabalhos ainda não começaram sequer...". "Por isso mesmo, senhor presidente. A minha intervenção é exactamente para que se verifique se existe quorum. Eu sei que é uma mera formalidade, mas as formalidades são essenciais para o bom decurso dos trabalhos".
O olhar do presidente percorreu com grande cuidado a sala, fila por fila, cadeira por cadeira, cara por cara, e, tendo verificado que a sala estava completamente preenchida, ainda assim teve o cuidado de perguntar: "falta alguém?". Se faltava alguém, não respondeu, pelo que se daria início aos trabalhos, sem mais delongas. Mas a bancada da maioria não pôde conter a sua indignação com o insólito episódio e, para além do burburinho a que se dedicou durante o mesmo, fez questão de requerer também ela um ponto de ordem à mesa: que a intenção com que o deputado anterior requereu o seu protesto não foi mais do que um pretexto para atrazar os trabalhos, devido ao incómodo que a discussão agendada trazia à bancada da oposição. Nisto, entre uma intervenção e outra que colocaram pontos de ordem à mesa, não só a ordem foi quebrada como os trabalhos demoraram mais do que aconteceria se não fossem as reclamações... contra a demora no início dos trabalhos.
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20.5.23
Poesia revolução
Se Abril ficar distante,
desta terra e deste povo,
a nossa força é bastante
p’ra fazer um Abril novo.
Ary dos Santos
desta terra e deste povo,
a nossa força é bastante
p’ra fazer um Abril novo.
Ary dos Santos
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14.5.23
Porque hoje é domingo (134)
"Deus quer, o Homem sonha e" a guerra nasce. Mas o que vale é que a fé no sucesso da "contra-ofensiva" zelenskyana tem tantos crentes como a fé nos milagres de Fátima - salvaguardadas as proporções dos dois universos. E faz sentido porque, afinal, Deus está em todo o lado.
Foto: infomoney.com
Post scriptum: Na verdade eu nunca saberei se Deus está em todo o lado - na Ucrânia não parece que esteja. Mas a Igreja, esse grande partido conservador, ela está, alimentando o obscurantismo.
Post scriptum: Na verdade eu nunca saberei se Deus está em todo o lado - na Ucrânia não parece que esteja. Mas a Igreja, esse grande partido conservador, ela está, alimentando o obscurantismo.
7.5.23
Porque hoje é domingo (133)
Com o devido respeito pelos crentes, e confiante
em que o próprio visado acharia graça - a graça do Senhor: Créditos: Twitter/Krrsantos/@CarlosSantinho2/Apr 8
em que o próprio visado acharia graça - a graça do Senhor: Créditos: Twitter/Krrsantos/@CarlosSantinho2/Apr 8
5.5.23
15.4.23
2.4.23
Porque hoje é domingo (132)
O povo de Israel e outros povos vizinhos representados pelos "reis magos" sentiram-se traídos por Jesus e, daí, condenaram-no à morte.
Eles verificavam que o profeta em quem depositavam confiança para a sua libertação do império romano, se refugiou numa narrativa estritamente religiosa, o que pode ser resumido na sua declaração "a Deus o que é de Deus e a César o que é de César!". Ao contrário de Jesus Cristo, o desempenho histórico da Igreja tem sido mais o de atribuir-se o papel que cabe a César - um papel político.
Desta questão trata, em termos menos claros, o evangelho invocado no presente domingo (João 19:19-37).
Desta questão trata, em termos menos claros, o evangelho invocado no presente domingo (João 19:19-37).
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30.3.23
Gente sem casa e casa sem gente
Es indeciente, gente sin casa y casa sin gente
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Sílvia Perez Cruz
17.3.23
Lagarde e assim
Lá vem a Lagarde
Toda sorridente
Decide a pobreza
Para muita gente
No salão dourado
Evidente mente.
Lá vai a Lagarde
Feliz e contente
De boca fechada
Não lhe caia um dente.
À noite adormece
A sua consciência
Certa de que o Povo
Tem muita paciência
Sonha com Zelensky
A matar Putin
E o Banco Central
No centro de Pequim
E assim…
Toda sorridente
Decide a pobreza
Para muita gente
No salão dourado
Evidente mente.
Lá vai a Lagarde
Feliz e contente
De boca fechada
Não lhe caia um dente.
À noite adormece
A sua consciência
Certa de que o Povo
Tem muita paciência
Sonha com Zelensky
A matar Putin
E o Banco Central
No centro de Pequim
E assim…
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18.2.23
Mensagem sem destinatário
17.2.23
Os milagres financeiros da Igreja Católica
Santuário de Fátima com lucro de quase 1 milhão de euros em 2022: O Santuário de Fátima teve em 2022 receitas de 18,67 milhões de euros e despesas de 17,7 milhões de euros, atingindo um lucro de quase um milhão de euros, anunciou, esta quinta-feira, o reitor do templo mariano.
Assim se vê para que serve aquela história infantil e ridícula do suposto aparecimento da mãe de Jesus a falar do cimo duma árvore..., em português... com três crianças, revelando-lhes segredos que nem elas nem qualquer cidadão da sua aldeia podiam entender- à excepção, porventura, do padre lá do sítio.
Pois não teria sido mais engraçado aparecerem uns balões ameaçadores no espaço celeste?
Assim se vê para que serve aquela história infantil e ridícula do suposto aparecimento da mãe de Jesus a falar do cimo duma árvore..., em português... com três crianças, revelando-lhes segredos que nem elas nem qualquer cidadão da sua aldeia podiam entender- à excepção, porventura, do padre lá do sítio.
Pois não teria sido mais engraçado aparecerem uns balões ameaçadores no espaço celeste?
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14.2.23
Ucrânia vs Rússia etc.
Ucrânia em guerra
A ofensiva russa contra a Ucrânia, insere-se no âmbito da lógica geopolítica em que os poderes dominantes de uma região conflituam com os poderes dominantes de outra região.
Quando os recursos naturais ou industriais de um país concorrem com os recursos de outro, no mercado global, estabelece-se um conflito de interesses económicos tendentes a gerar conflitos políticos que podem assumir conflitos militares. A geopolítica é a expressão destes conflitos a nível regional e ocorre quando uma das partes envolve outros países da mesma região – o que resulta da influência política do país dominante da região.
Os EUA representam um polo que tem como antagonista a Federação Russa (FR), sendo que cada um destes, por sua vez, tende a integrar, na sua esfera de poder, outros países. A União Europeia (EU), apesar da sua aparente independência, obedece convenientemente ao poder norte-americano. É irrelevante quem sejam as personalidades que representam as diferentes esferas de poder – elas cumprem a função que lhes conferem os interesses do Estado. Elas nascem da circunstância, muito mais do que a alteram. Na lógica deste conflito de interesses, e da influência associada dos seus agentes políticos, é que aparecem os conflitos militares. Mas o que faz sentido, neste caso, é que as operações militares vão a par de tentativas de soluções políticas.
Quando os recursos naturais ou industriais de um país concorrem com os recursos de outro, no mercado global, estabelece-se um conflito de interesses económicos tendentes a gerar conflitos políticos que podem assumir conflitos militares. A geopolítica é a expressão destes conflitos a nível regional e ocorre quando uma das partes envolve outros países da mesma região – o que resulta da influência política do país dominante da região.
Os EUA representam um polo que tem como antagonista a Federação Russa (FR), sendo que cada um destes, por sua vez, tende a integrar, na sua esfera de poder, outros países. A União Europeia (EU), apesar da sua aparente independência, obedece convenientemente ao poder norte-americano. É irrelevante quem sejam as personalidades que representam as diferentes esferas de poder – elas cumprem a função que lhes conferem os interesses do Estado. Elas nascem da circunstância, muito mais do que a alteram. Na lógica deste conflito de interesses, e da influência associada dos seus agentes políticos, é que aparecem os conflitos militares. Mas o que faz sentido, neste caso, é que as operações militares vão a par de tentativas de soluções políticas.
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12.2.23
Porque hoje é domingo (131)
Quis o destino, essa quarta pessoa da Santíssima Trindade, que o episódio invocado neste domingo pela Igreja Católica (Marcos 8,2-6) nos fale da preocupação de Jesus com os sofrimentos humanos, e do seu empenho em eliminá-los. Não vamos perder tempo com a infantilidade da narrativa: o milagre da multiplicação dos pães. Mas não há como relacionar essa compaixão, do filho de Deus, com o sofrimento e a morte das vítimas dos terramotos actuais na Síria e na Turquia.
Será que o sofrimento humano continua a ser considerado pela Igreja como o castigo pelos “pecados” dos homens? Quem se der ao trabalho de verificar, saberá que sim.
29.1.23
22.1.23
Porque hoje é domingo (129)
De regresso ás minhas homilias ateias, sou trazido a comentar o tema que a Igreja Católica invoca dos evangelhos oficiais: o recrutamento de militantes para o cristianismo.
A cena passa-se numa praia da Galileia, frequentada por Jesus. Este viu dois pescadores que convidou para o apoiarem e, depois, mais dois: “eu farei de vós pescadores de homens” – terá dito o profeta auto-intitulado filho de Deus. Da pesca à linha para a pesca à rede, muitos mais homens o Senhor levou atrás dele, entre os quais Mateus que é quem nos relata mais tarde este episódio. Ele não presenciou pessoalmente este passeio de Jesus pela praia, mas a sua genuinidade é-lhe creditada pela dedicação com que se entregou à causa que abraçou, sujeitando-se à perseguição e à morte. Vamos esquecer por momentos que Mateus, antes de se dedicar à construção da Igreja, se dedicava a actividades bem mais prosaicas que lhe valeram a condecoração social de padroeiro dos banqueiros, contabilistas, funcionários da alfândega e guardas financeiros…
A Igreja Católica, nascida assim na praia, corre hoje o risco de se afogar por uma onda de escândalos sexuais e, sobretudo, pelo refrescamento das mentalidades trazido pela democratização da cultura, avessa como é a mitologias, crenças e crendices de consistência demasiado arenosa. Mas não nos precipitemos a anunciar-lhe a morte quando assistimos à sua outra formulação: o populismo hipócrita, essa religião política que recruta em águas turvas para alimentar o “peixe graúdo”.
A cena passa-se numa praia da Galileia, frequentada por Jesus. Este viu dois pescadores que convidou para o apoiarem e, depois, mais dois: “eu farei de vós pescadores de homens” – terá dito o profeta auto-intitulado filho de Deus. Da pesca à linha para a pesca à rede, muitos mais homens o Senhor levou atrás dele, entre os quais Mateus que é quem nos relata mais tarde este episódio. Ele não presenciou pessoalmente este passeio de Jesus pela praia, mas a sua genuinidade é-lhe creditada pela dedicação com que se entregou à causa que abraçou, sujeitando-se à perseguição e à morte. Vamos esquecer por momentos que Mateus, antes de se dedicar à construção da Igreja, se dedicava a actividades bem mais prosaicas que lhe valeram a condecoração social de padroeiro dos banqueiros, contabilistas, funcionários da alfândega e guardas financeiros…
A Igreja Católica, nascida assim na praia, corre hoje o risco de se afogar por uma onda de escândalos sexuais e, sobretudo, pelo refrescamento das mentalidades trazido pela democratização da cultura, avessa como é a mitologias, crenças e crendices de consistência demasiado arenosa. Mas não nos precipitemos a anunciar-lhe a morte quando assistimos à sua outra formulação: o populismo hipócrita, essa religião política que recruta em águas turvas para alimentar o “peixe graúdo”.
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19.1.23
Zelensky no seu palco
Quantos mais ucranianos mortos, famílias destroçadas, cidades arrasadas serão necessários para que Volodymyr Zelensky tenha "vantagens" numas conversações de paz com a Rússia? Quantas mais armas para o seu arsenal?
Os governos não são tribunais, não seguem apenas o que é justo: são orgãos políticos que decidem de acordo com o menor dos males. Os juízes decidem de acordo com as leis, mas os políticos decidem de acordo com as conveniências do seu país. Negociar não é um acto de cobardia, é uma acto de inteligência quando não se pode vencer o inimigo pelas armas.
Os governos não são tribunais, não seguem apenas o que é justo: são orgãos políticos que decidem de acordo com o menor dos males. Os juízes decidem de acordo com as leis, mas os políticos decidem de acordo com as conveniências do seu país. Negociar não é um acto de cobardia, é uma acto de inteligência quando não se pode vencer o inimigo pelas armas.
5.1.23
2.1.23
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